quarta-feira, janeiro 26, 2005

Vontade de Potência

Da leitura de Antonin Artaud :

Uma obra de arte só é viva na medida em que comunica algo além de sua aparência. Uma sombra, que a duplica, ou seja, quando o artista é capaz de inscrever naquilo que ele molda o sopro de vida que o inspirou, como Deus que moldou o homem com o barro da terra e depois insuflou-lhe o sopro vital. O sopro é esse exercício de força criadora, a vontade de potência, que apreende aquilo que, do interior, se inscreve e se manifesta na exterioridade. Uma representação habitada por marcas de uma história, escrita com a própria carne. Quando deparamos com alguma obra de arte que carrega em si essa potência, ela nos atinge, nos perturba, nos encanta, nos transfigura. Não saímos dali como entramos, algo foi acrescentado. É o tempo privilegiado em que não apenas nos sentimos existir, mas onde passamos por uma experiência de recuperação material do ato de existir.

E, deste xeque mate:

“se falta enxofre à nossa vida, quer dizer, se falta uma magia constante, é porque nos apraz contemplar os nossos atos e nos perdemos em considerações sobre as formas sonhadas de nossos atos, ao invés de sermos impulsionados por eles, ou seja, falta à nossa vida força, energia, vibração, intensidade e estamos mergulhados no marasmo”.

Concluo:

Desse mal nunca serei acusada. Vivo externamente minhas interioridades.

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