NO QUINTAL DA LUA
Maria Luisa Ribeiro
E impõe se a dor
Maria Luisa Ribeiro
E impõe se a dor
com suas pegadas de chumbo
seus resquícios de gorjeios
e um calhamaço de silêncio
que machuca além da conta.
Estúpida,
com seu chapéu de violetas densas
e um cravo de chorar no vão do peito,
ela vai dançando o canto gregoriano
em um espaço oco
que aprendemos a chamar de saudade
E quando tudo se cala
apenas o pio de um pássaro ancorado em um graveto seco
seus resquícios de gorjeios
e um calhamaço de silêncio
que machuca além da conta.
Estúpida,
com seu chapéu de violetas densas
e um cravo de chorar no vão do peito,
ela vai dançando o canto gregoriano
em um espaço oco
que aprendemos a chamar de saudade
E quando tudo se cala
apenas o pio de um pássaro ancorado em um graveto seco
e um pingo de chuva estatelado na vidraça
de uma cobertura no aeroporto da cidade.
Calou-se o brado de Espanha...
e cá do meu batente de anjo caído e torto
eu olho pra cima e te contemplo.
Sóbria , sem desespero e sem dores miúdas
um pássaro... um pio... e... junto –me a ti
num canto de Bocelli no quintal da lua.
de uma cobertura no aeroporto da cidade.
Calou-se o brado de Espanha...
e cá do meu batente de anjo caído e torto
eu olho pra cima e te contemplo.
Sóbria , sem desespero e sem dores miúdas
um pássaro... um pio... e... junto –me a ti
num canto de Bocelli no quintal da lua.
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Presente de minha amiga escritora Maria Luisa Ribeiro, por ocasião da morte de meu pai, há doze dias.
Fica aqui minha gratidão a ela e a homenagem a ele, afinal. Por enquanto, não tenho mais palavras.