domingo, janeiro 23, 2005

O Amor, a Morte, as Paixões
Jornada da Alma

Vimos três filmes da IV Mostra de Cinema do Lumiére. O primeiro deles ainda ecoa em mim: Jornada da Alma (Prendimi L´anima, Roberto Faenza, 2002), o belo filme que mostra o amor entre Jung e sua paciente Sabina. Jung ainda é o jovem discípulo de Freud, mas já se pode ver nele os elementos que o fariam único. A utilização das primeiras técnicas da psicanálise, insights sobre o poder dos sonhos e seus arquétipos, os traços de sincronia favorecidos pelo poder psíquico. O filme contém referências históricas importantes, e tem uma bela trilha sonora (ainda posso ouvir a folclórica Tumbalalaika tocada no piano de Sabina). O ator que interpreta Jung (Iain Glen) é maravilhoso (exatamente como imagino que ele foi: sensível, reflexivo). Tudo isso é possível ver no filme. Todavia, para mim, o mais belo, talvez tenha sido mesmo, a quebra da ética médico-paciente, com o envolvimento de Jung com Sabina, sua anima. Eles sofrem muito por isso, mas é deste contato, pelo amor, que Sabina fica curada e torna-se uma psicanalista de vanguarda (iniciativa abortada pela repressão stalinista). Fiquei questionando, ainda, se é possível produzir algo importante, sem quebrar rígidos códigos de conduta, envolver-se até a alma, abrir-se para os ventos mobilizadores do amor, os que alteram o estado de todas as coisas. Jung não teria sido o que foi sem esta permissão. Isto é certo.
P.S: Quando você não consegue olhar dentro da alma de alguém, tente ir embora e voltar mais tarde. (Boris Pasternak, citado no filme)

Nenhum comentário: