terça-feira, maio 31, 2005

Estou Apaixonada

Por Walter Salles. É verdade. Assisti a um programa (Arte com Sérgio Brito), em que o diretor foi convidado a contar sua trajetória profissional. Isso foi feito com maestria pelo entrevistador e, a partir dele, pude saber que Walter Salles começou sua vida artística como fotógrafo. Depois, aventurou-se nos perfis e documentários, para só então, criar e dirigir em cinema de ficção. Está muito magrinho (terei que dar um jeito nisso), mas contou, com detalhes, os perfis e documentários que mais lhe agradaram fazer. Dessa maneira, pude compreender não só aqueles olhos, que sabem chorar e sorrir ao mesmo tempo, mas o seu olhar sobre as coisas. E ele fala com os olhos, já prestaram atenção? Começou contando do perfil de Jorge Luis Borges que realizou há algum tempo. Impressionou-o Borges ser herdeiro de cinco gerações de homens cegos, alguém que ao perder gradativamente a visão, conseguiu ver o mundo de uma maneira tão poética e imaginativa. Foram mostrados trechos dessa entrevista, realizada dois anos antes da morte do escritor. Emocionante. Ele também nos falou de Nick Lauda (escreve assim? ah, sei lá), aquele corredor de fórmula 1 que quase morreu em um acidente, lembram? Pois é, Nick Lauda narrou com detalhes como lutou por três dias para sobreviver. Especialmente depois que recebeu a extrema – unção de um "padre", que mal lhe dirigiu a palavra. Embirrou depois daí e resolveu que não ia morrer, naquela hora não. De fato, sobreviveu milagrosamente para contar a história. Depois disso, Walter Salles começou a falar dos documentários. Um que me fez chorar, foi o que contava a vida de (peraí, esse cara eu preciso escrever o nome direito, um segundo)...voltei: Frank Krajcberg, o poeta dos vestígios. O cara é polonês e depois de viver todos os horrores da Segunda Guerra (sua mãe foi brutalmente assassinada, esteve em campos de batalha, sentiu na pele os absurdos do stalinismo) e passar fome na França, desacreditou na espécie humana (e tem gente que acredita na espécie humana, humpft). Veio para o Brasil e passou a criar esculturas de material destruído da natureza. Ouví-lo contar como a natureza o resgatou é algo que salta os olhos. Putz. Houve um momento, depois de fugir da presença humana refugiando-se nas matas, em que tinha vontade de dançar com as árvores! Walter Salles (será que estou escrevendo certo o seu nome? não importa tá tão chique assim com W e dois eles...) revela que esse contato deu a tônica dos seus personagens de ficção: indivíduos que estavam mal interiormente, mas que olharam no retrovisor e resolveram se recriar, reinventar a própria vida. Krajcberg recebeu carta de uma presidiária e mostrou ao Salles. Este ato deu-lhe a idéia chave de Central do Brasil. Quantas cartas não chegam ao seu destino, afinal? Refletiu com Sérgio Brito. Concluiu que o cinema é uma carta, que também é endereçada e que assume os riscos da viagem até o destinatário. O programa acabou aí (snif), mas continua sei lá em que dia e em que horário (se alguém descobrir, por favor, informe). No próximo, ele vai contar dos filmes: Abril Despedaçado (maravilhoso), Diários da Motocicleta (que não vi ainda, que vergonha...) e de todos os outros. Será que ele vai falar se é casado? Opção sexual? O que pensa fazer nos próximos anos? Telefone para contato? ...............?................? ...................?....................?

Acho que preciso ver mais TV.

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