quarta-feira, maio 04, 2005

Amizade



Quando adolescentes ouvimos certos chavões sobre a amizade. Concordamos sem saber, de fato, o que significa. Até estarmos num buraco escuro e vislumbrarmos uma mão amiga. Sim, amigos, os de verdade, são seres especiais. Mais que irmãos, às vezes. São preciosidades, dádivas divinas, devidamente colocadas em nossas vidas para nos ajudar. Tenho uma amiga assim. Uma pessoa que está comigo quando o último vai embora e apaga a luz (aconteceu várias vezes). Que me faz rir quando só tenho vontade de chorar. Que preenche os meus dias com leves e saborosas abobrinhas (literalmente) e coisas completamente banais nos momentos em que a vida está amarga, pesada e séria. Quando não quero pensar, ela está sempre lá, ocupando-me o tempo com pequenas coisas do dia a dia: reclamando dos namorados (sempre mais jovens e diáfanos do que ela), fazendo comida, contando piadas sem-graça (é muito difícil me fazer rir), dizendo coisas absolutamente sem importância. Ela é quase dez anos mais velha que eu, mas parece o contrário. Outro dia, entramos num teatro e eu a abracei. Ela observou: - Vão pensar que somos algum "caso". Respondi, rindo, que não me importava nem um pouco. No que ela emendou: - Você seria muito velha para mim.
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Nisso já se vão mais de vinte anos. Não! Deletem este parágrafo. Eu não conseguiria expressar o valor desta amizade nem em longos dez mil posts.

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