sexta-feira, setembro 08, 2006

Entre o Mar e o Cerrado

p/ Joel

Tenho sido o que em mim fingiu ser eu, e quando fui verdadeiro não me reconheceram, e fui visto como estrangeiro. Tenho sido para mim mesmo um fingimento surdo de não querer ser quem Eu Sou. E eu bem que queria não chorar por nada que a vida me levasse ou trouxesse. Jamais encontrei o meu menino em mim. Uma certa nostalgia faz-me ter saudades do cerrado quando estou no mar, e maravilhar-me de mar quando estou no cerrado. A parte que em mim é vasta não sabe sentir solidão. Quando sou vasto como o grande silêncio, contenho multidões.

(...)

Já não escrevo para que me amem, nem mais escrevo só para não morrer. Hoje escrevo enquanto vivo.

(Brasigóis Felício – Vozes do Farol).

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