quarta-feira, novembro 09, 2005

Caminhos

Podia-me dizer por favor, qual é o caminho para sair daqui? - Perguntou Alice.
- Isso depende muito do lugar para onde você quer ir. - disse o Gato.
- Não me importa muito onde... - disse Alice.
- Nesse caso não importa por onde você vá. - Disse o Gato.
- ...contanto que eu chegue a algum lugar. - acrescentou Alice como explicação.
- É claro que isso acontecerá. - Disse o Gato - desde que você ande durante algum tempo.( Lewis Carroll)


Paul Auster descreve, em Cidade de Vidro, as sensações de um homem ao andar pela cidade. Perambular pelo labirinto de caminhos que fazia sentir-se perdido. Não apenas na cidade, mas também dentro de si mesmo. Andar pela cidade era abandonar-se ao movimento das ruas. Reduzir seu olhar à observação e, neste ato, fugir da obrigação de pensar. Andar pela cidade produzia nele um saudável vazio interior, uma certa paz. Pois, afinal, o mundo estava fora dele e se apresentava de forma rápida pelas ruas, o que não permitia fixar-se em nada. Ele não era o mundo. Ao caminhar sem rumo, todos os lugares se tornavam iguais e, assim, já não importava mais onde estava. Pois ele não estava em parte alguma. E isto, afinal, era o que pedia às coisas: não estar em lugar nenhum.

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