terça-feira, março 01, 2005

Viver Distraído

Uma vez li uma crônica, acho que do Rubem Braga, sobre estar distraído (se não for dele, peço desculpas, estou com preguiça de procurar). Contava a história de um casal que ficava o tempo todo analisando a relação e que, por esse motivo, a despeito do amor que nutriam um pelo outro, acabaram se separando. Fico pensando que, de fato, é bastante útil viver distraído. É, sem pensar demais, analisar demais todas as coisas. Queremos sempre respostas, de preferência exatas. Estabelecemos prazos a todas as coisas: elas têm que acontecer até um determinado momento. Ditamos regras inflexíveis para os outros e para nós mesmos. E como perdemos tempo com titicas que não valem a pena: pequenas mágoas, irritações banais. Porque comigo tem que ser assim! Inflamos o peito e saímos por aí, armados com nossos valores, nossas leis morais, aplicando a espada do querubim a todas as situações. Quanta bobagem. Ontem uma aluna comentou que o seu marido nunca esquece todas as coisas que ela diz, mesmo de passagem. Ele se vangloria de ter “memória retentiva”. Enquanto ríamos da história, um outro soltou lá do fundo da sala: - Ah, filha, fala pro seu marido aí que tão importante como lembrar, é, talvez, esquecer.

2 comentários:

Ju disse...

Olá Taty, se é que posso te chamar assim...
Esse conto é da Clarice Lispector. Por andarem tão distraídos. Não sei se realmente é esse o nome. Pois estou distraída demais hoje, mas com suas palavras. O da solidão é exemplo disso. Gostaria de trocar mais idéias com você. Sou atriz e sempre procuro blogs de pessoas que escrevem, para assim fazemos uma troca. Espero seu retorno.

Obrigada

Atena disse...

Olá, Ju. Taty é uma amiga. Eu sou Heloisa. Então, estou por aqui. Um beijo.