quinta-feira, março 01, 2007

Estrangeiro












Entre um rosto e um retrato
O real e o abstrato
Entre a loucura e a lucidez
Entre o uniforme e a nudez
Entre o fim do mundo e o fim do mês
Entre a verdade e o rock inglês
Entre os outros e vocês

Eu me sinto um estrangeiro
Passageiro de algum trem
Que não passa por aqui
Que não passa de ilusão

Entre mortos e feridos
Entre gritos e gemidos
A mentira e a verdade
A solidão e a cidade

Entre um copo e outro
Da mesma bebida
Entre tantos corpos
Com a mesma ferida

Eu me sinto um estrangeiro
Passageiro de algum trem
Que não passa por aqui
Que não passa de ilusão

Entre a crença e os fiéis
Entre os dedos e os anéis
Entra ano e sai ano
Sempre os mesmos planos
Entre a minha boca e a tua
Há tanto tempo, há tantos planos
Mas eu nunca sei
Pra onde vamos

Eu me sinto um estrangeiro
Passageiro de algum trem
Que não passa por aqui
Que não passa de ilusão

(Humberto Gessinger, Engenheiros do Hawaii, A Revolta dos Dândis I)

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