
Gostaria de escrever algo significativo aqui. Não por vontade. Mas para dar notícia de alguma sobrevivência aos amigos. Todavia, pelos lampejos de glória e intensidade dos absurdos, 2007, por enquanto, só conseguiu me calar. Faço de conta que não estou prestando atenção, guardo tudo para digerir no ritmo lento do meu fraco estômago e fico com o consolo do meu conterrâneo Manoel de Barros e seus pacientes caramujos:
Há um comportamento de eternidade nos caramujos.
Para subir o barranco de um rio, eles percorrem um
dia inteiro até chegar amanhã.
O próprio anoitecer faz parte de haver beleza nos caramujos.
Eles carregam com paciência o início do mundo.
No geral, os caramujos têm uma voz desconformada por dentro.
Talvez porque tenham a base trôpega.
Suas verdades podem não ser.
Desde quando a infância nos praticava na beira do rio
Nunca mais deixei de saber que esses pequenos moluscos
Ajudam as árvores a crescer.
E achei que essa história só caberia no impossível.
Mas não, ela cabe aqui também.
(Manoel de Barros, Os Caramujos. In. Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo. Record, 2001).
Há um comportamento de eternidade nos caramujos.
Para subir o barranco de um rio, eles percorrem um
dia inteiro até chegar amanhã.
O próprio anoitecer faz parte de haver beleza nos caramujos.
Eles carregam com paciência o início do mundo.
No geral, os caramujos têm uma voz desconformada por dentro.
Talvez porque tenham a base trôpega.
Suas verdades podem não ser.
Desde quando a infância nos praticava na beira do rio
Nunca mais deixei de saber que esses pequenos moluscos
Ajudam as árvores a crescer.
E achei que essa história só caberia no impossível.
Mas não, ela cabe aqui também.
(Manoel de Barros, Os Caramujos. In. Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo. Record, 2001).
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