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Agora mesmo algum maluco
deve estar postando qualquer treco genial na internet, alguém deve estar pensando em como melhorar aquele texto enquanto lota o Especial de vinagrete, perseguindo obstinadamente um acorde voltando da padaria.
Agora mesmo alguém
pode estar pensando que guardamos só pra gente o lado ruim das coisas lindas – assim, trancafiado a sete chaves de carinho – Alguém pode estar sentindo tudo ao mesmo tempo sozinho, assim brutalmente sentimental, feito coubesse toda a dignidade humana num abraço tímido.
Agora mesmo alguém deve estar limpando
cuidadosamente o CD com a camisa, pulando a ponta do pão pullman, sentindo o baque da privada gelada, perguntando quanto está o metro daquela corda de nylon, trepando no carro, empurrando o filho no balanço com uma das mãos e na outra equilibrando a lata e o cigarro – Agora mesmo alguém deve estar voltando, alguém deve estar indo, alguém deve estar gritando feito um louco para um outro alguém que nem deve estar ouvindo.
Agora mesmo alguém
pode estar encontrando sem querer o que há muito já nem era procurado, alguém, no quinto sono, deve estar virando para o outro lado; alguém, agora mesmo, no café da manhã deve estar pensando em outras coisas enquanto a vista displicentemente lê os ingredientes do Toddy.
(Marcelo Montenegro. Garagem Lírica. Annablume Editora)
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terça-feira, dezembro 25, 2012
Gerúndio Jazz
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