domingo, dezembro 18, 2005

Entrega

Ando por espaços escuros,
entre paredes altas e pedras antigas.

Vejo janelas altas.
Portas centenárias
olham-me de cima, trancadas.

Há um odor indefinido.
Flores envelhecidas,
incensos apagados, cera queimada.

Procuro a passagem obscura,
mas não a encontro.

Todos já foram embora.
Estamos só eu, meus passos abafados e
gestos contidos que movem o espaço.

Piso devagar para aumentar o silêncio
e captar vozes distantes, sons inaudíveis.

O peito respira com força.
Sustenta o peso das costas, arrepios na nuca.

Sem dores ou perguntas.

Sou só sensações.

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