segunda-feira, janeiro 16, 2012

Da ausência

NO QUINTAL DA LUA
Maria Luisa Ribeiro


E  impõe se a dor
com suas pegadas de chumbo
seus resquícios de gorjeios
e  um calhamaço de silêncio
que machuca além da conta.


Estúpida,
com seu chapéu de violetas densas
e um cravo de chorar no vão do peito,
ela vai dançando o canto gregoriano
em um espaço oco
que aprendemos a chamar de saudade


E quando tudo se cala
apenas o  pio de um pássaro ancorado em um graveto  seco 
e um pingo de chuva estatelado na vidraça
de uma cobertura no aeroporto da cidade.


Calou-se o brado de Espanha...
e cá do meu batente de anjo caído e torto
eu olho pra cima e te contemplo.
Sóbria , sem desespero  e sem  dores miúdas
um pássaro... um pio... e...  junto –me a ti 
num canto de Bocelli no quintal da lua.


*********************
Presente de minha amiga escritora Maria Luisa Ribeiro, por ocasião da morte de meu pai, há doze dias. 
Fica aqui minha gratidão a ela e a homenagem a ele, afinal. Por enquanto, não tenho mais palavras.

2 comentários:

Anônimo disse...

Linda homenagem, lindo poema.

Que saudade eu estava de aparecer por aqui. De tanta saudade, li e reli vários posts antigos, a maioria dos quais eu já havia até lido. Uma forma de não me sentir tão longe.

Te cuida. Saudades de você.
Te amo.
Beijos,
Flávia

PS: Antes de ir para a FNLT, não quer dar um pulo em Brasília?

Anna disse...

Heloisa,
belíssimo poema. Belíssima homenagem.
Muita paz e entendimento.
Com afeto,

Anna.