domingo, novembro 27, 2011

"A Nave Fantasma"

Yoko e Lennon - créditos

Como termina um amor? - O quê? Termina? Em suma  ninguém - exceto os outros - sabe disso; uma espécie de inocência mascara o fim dessa coisa concebida, afirmada, vivida como se fosse eterna. O que quer que se torne objeto amado, quer ele desapareça ou passe à região da amizade, de qualquer maneira, eu não o vejo nem mesmo se dissipar: o amor que termina se afasta para um outro mundo como uma nave espacial que deixa de piscar: o ser amado ressoava como um clamor, de repente, ei-lo sem brilho (o outro nunca desaparece como se esperava). Esse fenômeno resulta de uma imposição do discurso amoroso: eu mesmo (sujeito enamorado) não posso construir até o fim minha história de amor: sou o poeta (recitante) apenas do começo; o final dessa história, assim como minha própria morte, pertence aos outros; eles que escrevam o romance, narrativa exterior, mítica. (Roland Barthes. Fragmentos de um Discurso Amoroso).  

2 comentários:

leãonardo carmo disse...

" A Nave Fantasma" me lembra STULTIFERAS NAVIS, se eu não estiver escrevendo besteira, NAVILOUCA, alguem deve saber do que estou falando. John & Yoko terminou? O amor terminou quando Sartre morreu, que nos diria disso Simone Beuvoir?
Esse livro é o máximo, não? O amor é uma conquista lenta, penso. Talvez por isso evanescente nesses tempos mediáticos. Esse filme - RESTLESS - INQUIETOS - do Gus Van Sant, creio, recoloca o problema.
A separação é uma espécie de morte em vida, talvez. Mas, acaba? O amor, um fragmento totalizante?

Atena disse...

Ah, deve existir esse céu-mar, no qual todas as navesloucas dos amores findos passeiam....acho que sim....
Fiquei com vontade de ver esse filme depois do seu comentário no sopramodernos. :))