sexta-feira, maio 15, 2009

Cinema

Sabia que eram parecidos também nisso. Diriam um olá como uma ponta de iceberg cheia de lacônicos conteúdos e trocariam idéias sobre muitas coisas, ririam de bobagens sem sentido e deixariam o que não se podia dizer assim, encolhido no campo do medo. Havia algo de excessivamente íntimo e profundamente ridículo no amor, amar era definitivamente inadequado e desconfortável. Assim, nada mais útil do que deixar que a história de amor falasse por eles, permitisse o disfarce da atenção nos detalhes sobre a atuação dos atores, o que haviam lido na crítica, qualquer coisa que os desviasse da tensão essencial do filme na tela e fora dela. E a não ser quando havia a traição no toque secreto e ressonante dos braços pacificados na poltrona, era comum a vontade louca de ir embora e afastar o risco.

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